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A participação dos papais no parto virou algo comum e emocionante na Maternidade Ana Braga, em Manaus, desde 2013, quando o enfermeiro obstetra, Edilson Albuquerque, de 42 anos, criou um juramento para eles durante o corte do cordão umbilical. A ideia deu tão certo que começou a ser realizada na Maternidade Balbina Mestrinho e em outras unidades hospitalares do Brasil. A inspiração veio de uma professora amazonense que ensinava sobre a importância do parto humanizado.

O gerente de maternidade afirma que anos atrás a realidade do parto era bem diferente. A mulher dava à luz muita das vezes sozinha, e quando entrava acompanhada era sempre ao lado de outra mulher, como mãe, amiga, irmã e vizinha. “Bom, a ideia do juramento surgiu da necessidade de fazer o pai participar mais desse processo. Antes o pai sempre ficava esperando o parto acabar na recepção e recebia o bebê todo embrulhadinho. O Congresso Nacional implantou uma lei para garantir o direito da mulher de um acompanhante também”, explicou.

Enfermeiro cria juramento entre pai e filho durante parto

A lei citada é a Lei nº 11.108, de 7 de Abril de 2005, que obriga os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), da rede própria ou conveniada, a permitir a presença, junto à mulher, de um acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. Conforme o inciso §1, o acompanhante deve ser indicado pela mãe da criança.

Segundo enfermeiro obstetra Edilson, atualmente 100% dos partos no Estado do Amazonas são realizados com a presença de um acompanhante, por isso o juramento se tornou indispensável. “Era tão vazio quando o pai cortava o cordão umbilical. Esse juramento foi criado para dar sentido e é feito nos centros de partos normais do Amazonas. Ele foi colocado no protocolo da Maternidade Ana Braga”, comentou.

Juramento na íntegra

Eu ______________, ASSUMO O COMPROMISSO DE CUIDAR, AMAR E CRIAR MEU FILHO (a) _______________ SOB MEUS CUIDADOS, ENSINANDO A TRILHAR NOS CAMINHOS, QUE O LEVEM A VERDADEIRA FELICIDADE. NESTE MOMENTO TÃO ESPECIAL, DESLIGO MEU FILHO(a), PORQUE AGORA, NASCE UMA MÃE, NASCE UM PAI E NASCE A MINHA FAMÍLIA.

Desde o ano de 2003 foram feitos mais de 6 mil juramentos na rede pública do Amazonas. O enfermeiro Edilson conta que fez sozinho mais de 1.200 juramentos. “O juramento se tornou um meio de transformar o parto humanizado. Todas as pessoas que chegam para trabalhar conosco aprendem com esse modelo”, relatou Edilson.

E se não tiver pai?

Caso a mãe entre na sala de parto acompanhada de outras pessoas, o juramento é adaptado para a função. “Sabemos que muita das vezes os pais das crianças estão trabalhando ou ficou em casa com os irmãos da criança. Quando isso acontece, o juramento é adaptado. Fica, ‘eu assumo o compromisso de cuidar do meu filho, porque agora nasce uma tia’, por exemplo”, disse.

Edilson lembra que ficou durante dois dias pensando nas palavras que usaria no juramento. A reação do pai foi pensada na escolha de cada trecho. “Foram dois dias de trabalho. Pensei em cada palavra e no sentindo. Pensei na reação desse homem, de como ele ia reagir naquele momento na frente daquela situação”, afirmou o enfermeiro.

VEJA A REPORTAGEM NO ENCONTRO COM FÁTIMA BERNARDES:

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Momento emocionante

Mesmo tendo feito milhares de partos durante a carreira de 13 anos como enfermeiro obstetra, Edilson destaca que uma situação ficou gravada em sua memória. “Fiz alguns juramentos, mas alguns marcam mais que os outros. Já teve uma situação que estava acompanhando o parto e perguntei da mãe se o esposo dela iria entrar na sala. Naquele mesmo momento ela disse que também era o pai da criança e fez o juramento. Fiquei sem reação na hora”, lembrou.

Repercussão

Hoje, o trabalho de Edilson é reconhecido em todo o Brasil. Ele conta que já recebeu vídeos de pais fazendo juramentos em unidades de saúde em cidades nos estados de Alagoas, Pernambuco, Santa Catarina, Pará, Roraima, entre outros.

“Ver que esse trabalho está sendo reconhecido nacionalmente é gratificante, porque é um ganho para a minha profissão. A gente viaja para esses congressos e as pessoas falam que este juramento está sendo praticado em outros locais”, comentou.

Importância

Conforme o enfermeiro, o juramento é realizado de forma simples, mas muito emocionante. “Colocamos as mãos do pai debaixo da nossa para segurar a criança. Quando o bebê nasce a primeira pessoa que toca nele é o pai. Neste momento, fazemos o juramento durante o corte do cordão umbilical”, explicou o enfermeiro obstetra.

Edilson ainda comenta que pais já se “transformaram” depois que fizeram o juramento em uma das maternidades do Amazonas. “Esse juramento é importantíssimo para executar esse vínculo do pai com a família. Mães já me falaram que pais se transformaram após fazerem o juramento. O sentimento é que o próprio homem pariu a criança”, finalizou o gerente de maternidade.

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